24 junho 2007

O ponto de partida



A fonte de sofrimento reside em cada um de nós. Quando compreendermos a nossa realidade, reconheceremos a solução para o problema do sofrimento. “Conhece-te a ti mesmo”, todos os sábios o aconselharam. Temos de começar por conhecer a nossa própria natureza; de outra forma nunca poderemos resolver os nossos problemas nem os problemas do mundo.

Mas na verdade, o que é que sabemos sobre nós próprios? Cada um de nós está convencido da sua importância, do seu carácter único, mas o conhecimento que temos de nós mesmos é superficial. A um nível mais profundo, não nos conhecemos verdadeiramente. O Buda examinou o fenómeno do ser humano ao examinar a sua própria natureza. Pondo de lado todas as ideias preconcebidas, explorou a realidade interior e compreendeu que cada ser é um composto de cinco processos, quatro deles mentais e um físico.


MATÉRIA


Comecemos pelo aspecto físico. Este é o mais óbvio, a parte mais aparente de nós mesmos, prontamente apercebida por todos os sentidos. E contudo sabemos tão pouco sobre este corpo. Superficialmente, podemos controlar o corpo – move-se e age de acordo com a vontade consciente. Mas a outro nível, todos os órgãos internos funcionam para lá do nosso controlo, sem o nosso conhecimento. A um nível mais subtil, não sabemos nada, experiencialmente, das incessantes reacções bioquímicas que ocorrem em cada célula do corpo. Mas ainda não é a última realidade do fenómeno material. O aparentemente corpo sólido é na verdade composto de partículas subatómicas e espaço vazio. E mais ainda, até essas partículas subatómicas não têm solidez. A existência de cada uma delas é de menos de um trilionésimo de segundo. As partículas surgem e desaparecem continuamente, existindo e deixando de existir, como um fluxo de vibrações. Esta é a realidade última do corpo, de toda a matéria, descoberta pelo Buda, há 2500 anos atrás.

Através da sua própria investigação, os cientistas actuais reconheceram e aceitaram esta realidade última do universo material. Contudo, estes cientistas não se tornaram pessoas libertas e iluminadas. Por curiosidade, investigaram a natureza do Universo, usando o intelecto e confiando em instrumentos para verificar as suas teorias. Em contraste, o Buda estava motivado não apenas pela curiosidade, mas essencialmente pelo desejo de encontrar uma solução para o sofrimento. O único instrumento que usou para a sua investigação foi a própria mente. A verdade que descobriu não foi o resultado de uma intelectualização, mas da sua experiência directa, e foi por isso que foi libertadora.

Descobriu que o universo era composto de partículas, chamadas em pali kalapas, ou unidades indivisíveis. Estas partículas exibem em infinitas variações as qualidades básicas da matéria: massa, coesão, temperatura e movimento. Combinam-se para formar estruturas que parecem ter alguma permanência. Mas na realidade são todas compostas de minúsculas kalapas, que estão sempre a surgir e a desaparecer. Esta é a última realidade da matéria: um fluxo, uma corrente, constante de ondas de partículas. Este é o corpo a que chamamos “eu”.


MENTE

Ao mesmo tempo que o processo físico, há o processo psíquico, a mente. Embora não possa ser tocado ou visto, parece ainda mais ligado a nós do que o nosso corpo: podemos imaginar uma existência futura sem o corpo, mas não podemos imaginar nenhuma existência sem a mente. Contudo, sabemos tão pouco sobre a mente, e podemos controlá-la tão pouco. Quantas vezes se recusa a fazer o que queremos e faz aquilo que não queremos. O controlo sobre a nossa mente é ténue, mas o inconsciente parece estar totalmente para além do nosso poder de compreensão, preenchido com forças que podemos não aprovar ou desconhecer.

Da mesma forma que examinou o corpo, o Buda também examinou a mente e descobriu que, em termos gerais, consiste em quatro processos: consciência, percepção, sensação e reacção.

O primeiro processo, consciência, é a parte da mente que recebe, o acto de atenção indiferenciada ou cognição. Apenas regista a ocorrência de qualquer fenómeno, a recepção de qualquer dado, físico ou mental. Nota os dados brutos da experiência sem juntar rótulos ou fazer julgamentos de valor.

O segundo processo mental é a percepção, o acto de reconhecimento. Esta parte da mente identifica aquilo que foi notado pela consciência. Identifica, rotula e categoriza os dados em bruto que surgem, e faz avaliações, positivas ou negativas.

A parte seguinte da mente é a sensação. Logo que um estímulo é recebido, a sensação surge, um sinal de que algo está a acontecer. Enquanto o estímulo não é avaliado, a sensação é neutra. Mas logo que um valor é atribuído ao estímulo, a sensação torna-se agradável ou desagradável, dependendo da avaliação.

Se a sensação for agradável, forma-se um desejo para prolongar e intensificar a experiência. Se a sensação for desagradável, surge o desejo de a terminar, de a afastar. A mente reage com gostar ou não gostar. Por exemplo, quando o ouvido está a ouvir normalmente e escutamos um som, a cognição está a funcionar. Quando o som é reconhecido como palavras, com conotações positivas e negativas, a percepção começou a funcionar. Depois, actua a sensação. Se as palavras são de louvor, uma sensação agradável surge. Se as palavras são agressivas, surge uma sensação desagradável. Imediatamente surge uma reacção. Se a sensação é agradável, começamos a gostar, queremos mais palavras de louvor. Se a sensação é desagradável, começamos a detestar, queremos que a agressão pare.

Os mesmos passos ocorrem sempre que um dos outros sentidos recebe um estímulo: consciência, percepção, sensação, reacção. Estas quatro funções mentais são ainda mais efémeras do que as partículas que compõe a realidade material.

De cada vez que os sentidos entram em contacto com um objecto, os quatro processos mentais ocorrem por assim dizer à “velocidade da luz” e repetem-se em cada momento subsequente de contacto. Isto acontece tão rapidamente, contudo, que não nos damos conta do que está a acontecer. Só quando uma reacção em particular se repete durante um longo período de tempo e toma uma forma intensa e acentuada é que a consciência disso se desenvolve a nível consciente.

O que há de mais interessante com esta descrição de um ser humano, não é aquilo que inclui, mas aquilo que omite. Quer sejamos um ocidental ou um oriental, um cristão, um muçulmano, um budista ou um ateísta, ou seja o que for, cada um de nós tem uma segurança congénita que existe um “eu” algures, em nós, uma identidade contínua. Operamos com a assumpção não reflectida que a pessoa que existia há dez anos atrás é essencialmente a mesma pessoa que existe hoje, que existirá daqui a dez anos, que talvez existirá numa vida futura após a morte. Seja qual for a filosofia ou teoria ou crença que defendemos, na verdade vivemos as nossas vidas com a convicção enraizada de que “eu era, eu sou, eu serei”.

O Buda questionou esta asserção instintiva de identidade. Ao fazê-lo, não expunha mais um ponto de vista especulativo para combater as teorias alheias; ele enfatizou muitas vezes que não estava a evidenciar uma opinião, mas simplesmente a descrever uma verdade que ele tinha vivenciado e que cada pessoa comum pode vivenciar. “O iluminado pôs de lado todas as opiniões”, disse o Buda “pois viu a realidade da matéria, da sensação, percepção, reacção e consciência, o seu despontar e o seu desvanecer.” Apesar das aparências, descobriu que cada ser humano é na verdade uma série de acontecimentos separados, se bem que relacionados. Cada acontecimento é o resultado do precedente e sucede-lhe sem intervalo. A progressão constante de eventos dá a ilusão de continuidade, de identidade, mas esta é uma realidade aparente, não a realidade última.

Podemos dar um nome a um rio, mas na realidade é uma corrente de água que nunca pára no seu percurso. Podemos pensar na luz de uma vela como algo constante, mas se olharmos com mais atenção, vemos que é uma chama que surge de um pavio que queima por um instante, para ser substituída rapidamente por uma nova chama, instante a instante. Falamos da luz de uma lanterna, sem pensarmos que na realidade é, como o rio, um fluxo constante, neste caso, um fluxo de energia causado por oscilações de alta-frequência que ocorrem no filamento. A cada momento algo novo surge como produto do passado, para ser depois substituído logo a seguir por algo novo. A sucessão de acontecimentos é tão rápida e contínua que é difícil de discernir. A determinada altura, não podemos dizer que o que acontece agora é o mesmo que o que o precedeu, nem podemos dizer que não o é. Todavia, o processo continua.

Da mesma forma, o Buda compreendeu que uma pessoa não é uma entidade acabada e imutável, mas um processo que flui de momento a momento. Não há realmente um “ser”, mas um fluxo contínuo, um contínuo processo de se tornar. Claro que no dia-a-dia temos de lidar uns com os outros enquanto pessoas de natureza mais ou menos definida e imutável; temos de aceitar a realidade aparente e externa, sob pena de não conseguirmos funcionar. A realidade externa é uma realidade, mas apenas uma realidade superficial. A um nível mais profundo a realidade é que o universo inteiro, animado e inanimado, está num estado contínuo de se tornar – de surgir e desaparecer. Cada um de nós é na verdade uma corrente de partículas subatómicas, com a qual o processo de consciência, percepção, sensação, reacção muda ainda mais rapidamente do que o processo físico.

Esta é a realidade última do eu com o qual todos nós nos preocupamos tanto. Esse é o decurso dos acontecimentos em que estamos envolvidos. Se o pudermos compreender por experiência directa, descobriremos a solução que nos libertará do sofrimento.


S. N. Goenka

texto lido na sessão de prática intensiva de hoje

23 junho 2007

Metta sutra

Isto é o que deve ser feito

por aqueles que são hábeis na bondade,
e que conhecem o caminho da paz:
Que eles sejam capazes e direitos,
honestos e de fala gentil,
humildes e sem pretensões,
Contentes e facilmente satisfeitos.
Sem o fardo de compromissos,
e frugais no seu trato.

Pacíficos e calmos, sábios e éticos,

Livres de orgulho e exigências.

Que não façam nunca a menor coisa

Que os sábios possam depois censurar.

Desejando:

que todos os seres estejam bem.
Sejam eles fracos ou fortes, sem excepção,
Os grandes, médios, ou pequenos,
visíveis e invisíveis,
próximos e distantes,
nascidos ou por nascer.
Que todos os seres estejam bem!

Que ninguém engane o outro
ou despreze seja quem for,
que ninguém por raiva ou maldade
deseje mal a outrem.

Tal como uma mãe arriscaria sua vida
para proteger o seu filho, o seu único filho,
da mesma forma, com um coração sem limites

Abranjam todos os seres;
Irradiando bondade e amor para o mundo inteiro:
Para cima, até aos céus,

Para baixo até às profundezas;

Sem obstáculos e em todas as direcções,
livre do ódio e da má vontade.
Quer seja parado ou a andar,
sentados ou deitados,
Livres de torpor,
cultivem este amor sem limites.

Chama-se a isto um estado sublime.
Por não se agarrem a ideias fixas,
Aqueles de coração puro, com visão desimpedida,
Sendo livres de todo o desejo sensorial,
Não voltam a nascer neste mundo.

Workshop de Dharma Marketing: programa

Espírito de missão: valores e consciência estratégica

A consciência de si mesmo face à visão estratégica das organizações.

O poder da escolha: uma perspectiva holística do sistema de decisão estratégica.

Dimensão holística: gerir a mudança

Gestão relacional e o todo

Transcendência e transformação: prosperidade ética, social, ambiental e espiritual.

Proximidade: enfoque espiritual

Competitividade e iluminação interior.

Mindsets: o mundo para além do discurso.

Transparência, aceitação e ética

O marketing da proximidade real: um sistema evolutivo.

O Gestor servidor: a realização plena


Workshop: 1 de Julho das 10h às 18h
Local: Rua da Restauração, 463, 2.º
Contribuição: €50 (€45 estudantes e membros da UBP)

Paulo Vieira de Castro é Consultor Externo e Professor do Ensino Superior ao nível graduado e pós-graduado na área de Gestão e Marketing


22 junho 2007

Negócios e espiritualidade

Um tema para reflexão, aqui.

21 junho 2007

Actividades Junho-Julho



  • Amanhã, dia 22, pelas 21h30, na Fnac do NorteShopping, lançamento do livro “Despertar para a Sabedoria”, de Tulku Lama Lobsang. Mais informações aqui:

http://artetibetanadacura.blogspot.com/2007/06/despertar-para-sabedoria.html

  • No próximo domingo, dia 24 de Junho das 10h às 13h, teremos na UBP Porto (Rua da Restauração 463, 2º) mais uma prática intensiva de meditação com leitura de textos. Para quem puder ficar mais um pouco, almoçaremos depois juntos. O texto do domingo passado está online no blog Gota de Orvalho:

http://gota-de-orvalho.blogspot.com/2007/06/procura.html

  • No Domingo 1 de Julho contaremos com um workshop sobre um conceito inovador em Portugal - Dharma Marketing (um workhop muito necessário sobre a espiritualidade no local de trabalho). Paulo Vieira de Castro vai explicar como a complexidade do mundo em que vivemos traz de volta a necessidade de uma abordagem mais íntima das questões relacionais em meio organizacional.

Workshop: 1 de Julho das 10h às 18h
Local: Rua da Restauração, 463, 2.º
Contribuição: €50 (€45 estudantes e membros da UBP)

  • Na segunda-feira, 2 de Julho, às 20h30, mais um workshop de introdução à meditação budista sob a orientação de Margarida Cardoso. Entrada livre.

  • Para quem se interessa por simbologia e a via de libertação, o Nuno Serrão volta ao Porto para contar como os 22 arcanos maiores do Tarot simbolizam a viagem iniciática através do Zodíaco. Vai-nos contar como o processo evolutivo do ser humano através do tempo, o vasto campo da experiência individual e colectiva, culmina na auto-realização em termos de consciência da realidade última ou absoluto.

Palestra: sábado dia 7 de Julho às 18h (contribuição livre).
Workshop sobre Tarot: sábado dia 7 de Julho às 21h (contribuição: €25 - estudantes e membros da UBP - €20). Para quem quer aprofundar o conhecimento da astrologia, haverá um workshop sobre os Aspectos na Carta Astrológica no domingo às 18h (contribuição: €25 - estudantes e membros da UBP - €20).
Consultas (sob marcação
tlm 96 8042211): €40

  • No mês de Julho, o Sagarapriya está de volta, desta vez com seminários sobre a via do Buda: Ética, Meditação e Sabedoria. Este ciclo de palestras é dedicado a conhecer o "O Nobre Caminho Óctuplo" - o caminho do Buda para uma existência marcada por progressiva tranquilidade, bondade e sabedoria. É um caminho acessível a todos, prático, pragmático e totalmente relevante para os nossos tempos.

Datas: segundas-feiras - 16, 23 e 30 de Julho de 2007, das 20h00 às 22h00

Local: Rua da Restauração, 463, 2.º Porto
Contribuição: €15 por sessão

  • Finalmente, um muito esperado retiro de Verão, com Amy Hollowell Sensei. Será de 26 de Julho a 1 de Agosto, perto de Miranda do Douro.

Para mais informações:

http://zen-pt.blogspot.com/2007/05/retiro-de-vero.html

Recordamos ainda que iniciamos um horário de sessões de meditação matinais às 6h45!

Bom fim-de-semana, boa prática

UBP Porto

Tlm 91 7088371 (Margarida)

http://gota-de-orvalho.blogspot.com/

http://zen-pt.blogspot.com/

O QIGONG (CHI-KUNG)



O Qi Qong (chi kung) significa “ treino de energia", ou "manipular as energias tanto internas como externas” e consiste numa ginástica energética praticada regularmente para manutenção e equilíbrio das energias mas também como complemento terapêutico para uma convalescença (fisioterapia).

É uma técnica com raízes milenares que se baseia em posturas e movimentos de animais. Ajuda a flexibilizar o corpo tanto a nível físico como energético. Esta ginástica pretende desfazer ou prevenir os bloqueios de energia evitando a doença ou ajudar a melhorar a qualidade de vida e até ajudar no processo de cura.

Neste sistema de auto-cura e auto-energização existem cerca de 2000 posturas diferentes na China, divididas por vários estilos. Temos assim: posturas paradas, de movimento, exercícios de respiração, praticam meditativas e condução de energia Qi (Chi) através do corpo e da mente. Os exercícios são compostos pela soma entre respiração e movimento, variando a profundidade a velocidade a cadência e o vigor energético.

Imagem: sessão de Qi Gong no domingo na UBP Porto (professor Paulo Fernandes)

19 junho 2007

O Tarot e a Viagem Iniciática


Para quem se interessa por simbologia e a via de libertação, o Nuno Serrão volta ao Porto para contar como os 22 arcanos maiores do Tarot simbolizam a viagem iniciática através do Zodíaco. Vai-nos contar como o processo evolutivo do ser humano através do tempo, o vasto campo da experiência individual e colectiva, culmina na auto-realização em termos de consciência da realidade última ou absoluto.
Palestra: sábado dia 7 de Julho às 18h (contribuição livre).
Workshop sobre Tarot: sábado dia 7 de Julho às 21h (contribuição: €25 - estudantes e membros da UBP - €20).
Para quem quer aprofundar o conhecimento da astrologia, haverá um workshop sobre os Aspectos na Carta Astrológica no domingo às 18h (contribuição: €25 - estudantes e membros da UBP - €20).
Consultas (sob marcação): €40

17 junho 2007

A procura


Todos nós procuramos paz e harmonia, pois sentimos falta disso nas nossas vidas. Todos nós queremos ser felizes; temos direito a isso. Contudo são mais as vezes em que andamos à procura da felicidade do que a alcançamos. Em certas alturas todos nós vivenciamos insatisfação nas nossas vidas – agitação, irritação, desarmonia, sofrimento. Mesmo que neste preciso instante nos sintamos livres de tais insatisfações, todos podemos recordar uma altura em que estas emoções nos afligiam ou imaginar um momento em que voltarão a ocorrer. E eventualmente todos vamos enfrentar o mistério da morte.

Além disso, não guardamos as insatisfações para nós. Partilhamo-las com os outros. A atmosfera à volta de uma pessoa infeliz é carregada, de forma que todos os que entram nessa atmosfera sentem esse peso e essa infelicidade. Desta forma as tensões individuais combinam-se para criar as da sociedade.

É este o problema básico da sociedade, a sua natureza insatisfatória. Acontecem coisas que não desejamos. Coisas que desejamos não acontecem. E ignoramos o como e o porquê deste processo, da mesma maneira que ignoramos qual é o nosso princípio e fim.

Há 25 séculos atrás, no Norte da Índia, um homem decidiu investigar este problema, o problema do sofrimento humano. Depois de anos de procura e de experimentar vários métodos, descobriu uma forma de penetrar a realidade da sua própria natureza e experienciar a verdadeira libertação do sofrimento. Ao atingir o mais alto grau de liberdade, de libertação da miséria e do conflito, devotou o resto da sua vida a ajudar os outros a fazer o mesmo, mostrando-lhes o caminho para se libertarem.

Esta pessoa – Siddhartha Gautama, conhecido como o Buda, o Iluminado, – nunca afirmou ser algo mais do que um ser humano. Como todos os grandes professores tornou-se objecto de lendas, mas não importa que histórias maravilhosas se contaram sobre as suas existências passadas, nunca em lado nenhum se disse que ele era de origem divina ou fora inspirado por um poder divino. Todas as qualidades que possuía eram qualidades humanas levadas à perfeição. Portanto, o que ele alcançou está ao alcance de qualquer ser humano que pratique como ele o fez.

O Buda não ensinou nenhuma religião ou filosofia ou sistema de pensamento. Chamava ao seu ensinamento Dharma, ou seja, a Lei, a lei da natureza. Não se interessava por dogmas ou especulações gratuitas. Em vez disso ofereceu uma solução prática e universal para um problema universal. “Agora como sempre, ensino sobre o sofrimento e a erradicação do sofrimento.” Recusou-se mesmo a discutir fosse o que fosse que não levasse à libertação do sofrimento.

Este ensinamento, insistiu, não foi algo que inventara ou que fora divinamente revelado. Era simplesmente a verdade, a realidade, que conseguiu descobrir através do seu próprio esforço, como muitas pessoas antes dele o fizeram, como muitas pessoas depois dele o farão. Não proclamou ter o monopólio da verdade.

Nem afirmou que o seu ensinamento devesse ter uma qualidade especial – nem por causa da fé que as pessoas tinham nele, nem por causa do que aparentemente fosse lógico naquilo que dizia. Pelo contrário, afirmou que era apropriado duvidar e testar aquilo que está para além da nossa experiência.

Não acredites em alguma coisa simplesmente porque a escutaste.

Não acredites em tradições simplesmente porque provêm desde há muitas gerações.

Não acredites em algo só porque é falado ou é motivo de rumor por muitos.

Não acredites em algo simplesmente porque vem escrito nos teus livros religiosos.

Não acredites em algo simplesmente porque é dito pelas tuas professoras ou anciãos.

Mas, após observação e análise quando encontrares que algo vai de acordo com a razão e é conduzível à felicidade e benefício de uma só pessoa e de todas, então aceita e vive-o.!"

- Kalama Sutra, 17:49 –

A maior autoridade é a nossa própria experiência da verdade. Nada deve ser aceite apenas pela fé. Temos de o examinar para ver se é lógico, prático, benéfico. Nem, ao ter examinado um ensinamento racionalmente é suficiente aceitá-lo como verdade intelectualmente. Para beneficiarmos da verdade, temos de a vivenciar directamente. Apenas então podemos saber que é realmente verdade. O Buda acentuava que apenas ensinava o que aprendera por conhecimento directo, e encorajava os outros a fazerem o mesmo, a tornarem-se na sua própria autoridade. “Sejam ilhas para vós mesmos, refúgios para vós mesmos, não procurem um refúgio externo. Com o Dharma como a vossa ilha, o Dharma como refúgio, não procurem outro refúgio.”

2.26. “Portanto, Ananda, sejam ilhas para vocês mesmos, refúgios para vocês mesmos, não buscando nenhum refúgio externo; com o Dhamma como a sua ilha, o Dhamma como refúgio, buscando nenhum outro refúgio. E como, Ananda, um bhikkhu é uma ilha para ele mesmo, um refúgio para ele mesmo, buscando nenhum refúgio externo; com o Dhamma como a sua ilha, o Dhamma como o seu refúgio, buscando nenhum outro refúgio? Neste caso, Ananda, um bhikkhu permanece contemplando o corpo como um corpo, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Ele permanece contemplando as sensações como sensações ... mente como mente ... objetos mentais como objetos mentais, ardente, plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. Esses bhikkhus, Ananda, que agora ou depois que eu me for, permanecerem como uma ilha para eles mesmos, como um refúgio para eles mesmos, sem nada mais como refúgio, com o Dhamma como uma ilha, o Dhamma como refúgio, sem nada mais como refúgio, eles serão para mim os bhikkhus mais eminentes dentre aqueles que têm interesse em aprender.” Mahaparinibbana Sutta

O único verdadeiro refúgio na vida, o único solo sólido sobre o qual nos podemos erguer, a única autoridade que pode realmente guiar-nos e proteger-nos é a verdade, o Dharma, a lei da natureza, vivenciada e verificada por nós. Portanto no seu ensinamento, o Buda sempre deu a maior importância à experiência directa da verdade.

O Buda não estava interessado em estabelecer uma seita ou um culto de personalidade consigo no centro. A personalidade daquele que ensina, disse, é de importância secundária comparada ao ensinamento. A um discípulo que demonstrava excessiva veneração, ele disse: “O que ganhas ao ver este corpo, que está sujeito à destruição? Aquele que vê o Dharma vê-me, aquele que me vê, vê o Dharma.”

A devoção e relação a uma pessoa, seja ela a mais santa, não é o suficiente para libertar ninguém. Não há libertação sem experiência directa da realidade. Portanto, a verdade tem a supremacia, não aquele que a diz. Todo o respeito é devido ao que diz a verdade, mas a melhor forma de demonstrar respeito é trabalhar para realizar a verdade por si mesmo.

O que o Buda ensinou foi um caminho que cada ser humano pode percorrer. Este chamou a este caminho o Nobre Caminho Óctuplo, com o sentido de uma prática com oito partes interrelacionadas. É nobre no sentido de que quem o percorre se torna num ser com nobreza de coração, uma pessoa santa, liberto do sofrimento.

É um caminho de entendimento (insight) da natureza da realidade, um caminho de verdade-realização. Para resolver os nossos problemas, temos de ver a nossa situação tal qual ela é. Temos de aprender a reconhecer a realidade superficial e aparente e também a penetrar para além das aparências de forma a perceber verdades mais subtis, até à verdade última, e finalmente vivenciar a verdade da libertação do sofrimento.

A única forma de vivenciar a verdade directamente é olhar para dentro, observar-se a si mesmo. Durante todas as nossas vidas nos acostumamos a olhar para fora. Sempre nos interessamos no que se passava lá fora, no que os outros estavam a fazer. Raramente nos interessamos por nos examinar, a nossa estrutura física e mental. Por isso permanecemos desconhecidos para nós mesmos. Nem reparamos o quanto esta ignorância nos prejudica, o quanto permanecemos escravos de forças dentro de nós de que não estamos conscientes.

Esta escuridão interna tem de desaparecer para apreendermos a verdade. Devemos penetrar a nossa natureza de forma a penetrar na natureza da existência. Assim, o caminho que o Buda indicou é um caminho de observação, de introspecção. O universo inteiro e as leis da natureza pelas quais se rege devem ser vivenciados dentro de nós. Só podem ser vivenciados dentro de nós.

O caminho é também um caminho de purificação. Investigamos a verdade sobre nós mesmos não por qualquer vã curiosidade mas sim com um objectivo definido. Ao nos observarmos, damo-nos conta pela primeira vez das nossas reacções condicionadas, dos preconceitos que obscurecem a nossa visão mental, que escondem a realidade e produzem sofrimento.

Reconhecemos as tensões internas acumuladas que nos agitam, nos deixam infelizes e percebemos que podem ser removidas. Gradualmente aprendemos a permitir que elas se dissolvam, e as nossas mentes tornam-se puras, pacíficas e felizes.

O caminho é um processo que requer uma aplicação contínua. Algumas “abertas” vão surgir, mas são o resultado de esforço continuado. É necessário avançar passo a passo; mas a cada passo os benefícios são imediatos. Não seguimos o caminho na esperança de aumentar os benefícios a gozar apenas no futuro, de alcançar um céu apenas conhecido aqui por conjectura. Os benefícios devem ser concretos, vividos, pessoais, vivenciados aqui e agora.

Acima de tudo, é um ensinamento para ser praticado. Ter simplesmente fé no Buda e nos seus ensinamentos não nos ajudará a libertar-nos do sofrimento; assim como o mero entendimento intelectual do caminho. Estes só têm valor se servirem de inspiração a pôr os ensinamentos em prática. Apenas a prática do que o Buda ensinou dará resultados concretos e mudará a nossa vida para melhor. Não é necessário sermos “budistas” para praticar este caminho. Os rótulos são irrelevantes. O sofrimento não faz distinções, é comum a todos; portanto o remédio deve poder ser aplicável a todos.

Só aplicado o Dharma dá resultados. Se este é realmente um caminho que nos conduz do sofrimento à paz, então conforme progredimos na prática devemos sentirmo-nos mais felizes no dia-a-dia, estar mais em harmonia, mais em paz connosco próprios. Ao mesmo tempo as relações com os outros devem tornar-se mais pacíficas e harmoniosas. Em vez de juntar às tensões da sociedade, deveremos ser capazes de fazer uma contribuição positiva para aumentar a felicidade e bem-estar de todos. Para percorrer o caminho, devemos viver a vida do Dharma, da verdade, da pureza. O Dharma, praticado correctamente, é a arte de viver.

S. N. Goenka - texto lido na prática Pôr-se a caminho

As cinco faculdades espirituais

A prática dos ensinamentos do Buda é frequentemente apresentada como uma viagem, uma jornada, e os oito passos do caminho óctuplo como a estrada real a trilhar.

Um dos grupos de factores que recebe uma proeminência especial nos sutras é a das cinco faculdades espirituais – convicção (ou fé), esforço, atenção plena, concentração e sabedoria. A palavra em sânscrito para faculdades espirituais é indriya, que deriva do deus Indra, soberano dos devas. O termo sugere assim a qualidade divina de controle e domínio. Tal como o deus Indra venceu os demónios e obteve a supremacia dos devas, da mesma forma cada uma destas faculdades é um pré-requisito para subjugar “os nossos demónios” e para romper as barreiras que nos afastam da libertação. Tal como as virtudes no conceito grego, as faculdades são poderes activos que coordenam e canalizam as nossas energias naturais, permitindo-nos alcançar o equilíbrio interno necessário à nossa verdadeira paz e felicidade.

É importante tomarmos consciência de que sem a influência e contenção destes “agentes de controlo interno”, a nossa natureza não se encontra sob o nosso controlo. Deixada por sua própria conta, sem uma estrutura orientadora, a mente é vítima de forças que nascem dentro de si mesma, que no budismo se denominam kilesas ou kleshas (=contaminação). Enquanto vivermos sob o domínio das kleshas, não somos senhores de nós mesmos, ao contrário do que às vezes pensamos. Somos mais frequentemente peões passivos, compelidos pelos nossos desejos cegos a agir de formas que prometem satisfação, mas que no final conduzem a mais escravidão.

A verdadeira felicidade envolve necessariamente alcançar a autonomia interna, a força para resistir aos empurrões dos nossos apetites, e isso é alcançado precisamente através do desenvolvimento das cinco faculdades espirituais.

O ensinamento do Buda não pretende implantar essas inclinações na mente a partir do nada, explora sim qualidades que estão já presentes em todos nós, que de uma forma ou outra surgem na nossa vida diária mesmo que de forma simples:

- A convicção honesta em valores superiores

- Um esforço em direcção ao bem

- A consciência atenta

- A concentração focada

- A compreensão inteligente

Parte assim de qualidades preexistentes, dando-lhes um significado transcendente, que visa a realização do Incondicionado.

As cinco faculdades alcançam a completa maturidade no desenvolvimento do insight através da meditação, o caminho directo para o despertar.

Nesse processo, a faculdade de convicção ou fé (não se trata de uma fé cega, mas sim baseada na compreensão) dá a aspiração e a inspiração. A energia (virya) queima obstáculos e causa a maturação dos factores que nos conduzem ao despertar. A atenção plena (mindfulness) contribui para a clara consciência (antídoto para o descuido e pré-requisito para o entendimento). A concentração mantém o foco de atenção calmo e controlado, firmemente focado na origem e cessação dos eventos corporais e mentais. A sabedoria (a virtude máxima - prajna) remove a sombra da ignorância e ilumina as verdadeiras características dos fenómenos. Os pares convicção e sabedoria e energia e concentração agem e equilibram-se entre si. Acima destes pares, a faculdade de atenção plena é o chefe de orquestra. Protege a mente dos extremos e assegura que os membros de cada par estejam em equilíbrio.



apontamentos para o curso à sombra da árvore de Bodhi

14 junho 2007

Ayurveda e Psicologia Ayurvédica


Ayurveda deriva de duas palavras: “Ayur” que significa vida, e “veda” que significa conhecimento ou ciência. Em sânscrito a palavra Ayurveda significa “ A ciência espiritual da vida”. É um dos sistemas médicos holísticos mais completos e compreensivos, que aborda todos os aspectos da saúde e bem-estar: físico, emocional, mental e espiritual. Através de uma análise e compreensão da constituição e existência única de cada indivíduo e de cada cultura, Ayurveda pretende manter a saúde e curar doenças com base na criação de um estilo de vida que está em harmonia com o Eu Superior (Atman), mente (manas), energia vital (Prana), sentidos e corpo de cada um.

Ayurveda é uma ciência que integra a compreensão das forças naturais dentro e à volta do indivíduo de forma a criar novas formas de harmonia e transformação, para atingir um grau óptimo de saúde, paz na mente, realização pessoal, desenvolvimento da consciência universal e em última instância, a iluminação. Ayurveda não é apenas um sistema médico, mas uma filosofia de vida que ensina cada ser humano a viver da forma correcta, de acordo com a sua constituição e características únicas de existência.

As três forças vitais
Tudo o que existe no mundo, incluindo o corpo humano, é feito de 5 elementos – éter, ar, fogo, água e terra. Nos seres vivos, os elementos estão organizados na forma de três doshas – Vata (ar/éter), pitta (fogo) e kapha (água e terra), de forma a desempenhar as funções físicas e mentais. Os três doshas têm de estar em equilíbrio para o corpo estar em perfeita saúde. Quando um ou mais estão desequilibrados, doenças ou desequilíbrios energéticos ocorrem.
A presença destas três forças vitais em proporções variadas definem a constituição – prakriti -, isto é, características físicas, mentais e de personalidade de cada indivíduo.

As Três Qualidades da Mente
A mente possui três qualidades interrelacionadas e interdependentes com as três forças vitais do corpo. Estas são: sattva, rajás e tamas. Sattva inclui equilíbrio, bondade, verdade, compaixão e paz. Rajás inclui pensamento, planeamento e decisões. Tamas é o que bloqueia/impede o movimento (sono) ou expansão da mente (inveja, raiva, preguiça, ambição). O desequilíbrio das três qualidades da mente influenciam o equilíbrio dos doshas, e vice-versa, e pode também causar distúrbios ou desequilíbrios mentais. Para estarmos em equilíbrio, com saúde e fomentarmos o nosso bem estar longevidade, o equilíbrio destas seis dimensões é necessário.
Psicologia Ayurvédica pretende abordar os desequilíbrios psicológicos de uma forma holística. Começa-se por definir a constituição física e a qualidade da mente da pessoa de forma a decidir, elaborar e aconselhar métodos terapêuticos apropriados a cada individuo, com o objectivo de reencontrar equilíbrio físico, emocional, mental e espiritual. Os processos terapêuticos baseiam-se em psicoterapia, yoga, meditação, prática de mantras, alimentação, estilo de vida e práticas espirituais, todas estas definidas de acordo com o desequilíbrio apresentado e as características individuais observadas.

Não se pretende apenas entender o comportamento e emoções dos indivíduos, mas também definir a natureza da mente e a sua relação com a constituição mental e física. Pretende-se fomentar a qualidade Sattvic da mente, o encontro com o Eu interno, e o desenvolvimento da Consciência Universal. A psicologia Ayurvédica leva-nos a um processo de observação pessoal e auto-realização. O caminho para harmonizar a mente é através do retorno ao Eu Superior existente dentro de todos nós. A nossa verdadeira existência não são as nossas emoções, os nossos pensamentos e a nossa mente, mas algo livre de todos estes condicionamentos e limitações . O verdadeiro Eu é livre de dor, sofrimento, confusão e preocupação. A Psicologia Ayurvédica pretende ajudá-lo a entender a sua natureza própria, a viver de acordo com as suas necessidades e características e a encontrar serenidade, paz e felicidade interna.

Carla Martins
10 Junho 2007

A UBP oferece consultas em Psicoterapia com a Dra. Carla Martins, licenciada em Psicologia e com mestrado em Neuropsicologia na Universidade de Kent nos Reino Unido. Possui também uma especialização em Psicologia Ayurvédica pelo Institudo Americano dos Estudos Védicos e Psicologia Integral. As consultas integram uma abordagem terapêutica convencional (terapia Cognitiva) com métodos terapêuticos da psicologia e medicina Ayurvédica. Para mais informações e marcações tlm 965569545 ou carlamartins@gmail.com

Pôr-se a caminho - prática intensiva


Domingos, dias 17 e 24 de Junho - das 10h às 15h

Programa: sessões de meditação
leitura de textos de introdução à via do Buda
almoço
local: UBP Porto, rua da Restauração, 463, 2.º Porto
orientação: Margarida Cardoso
(possibilidade de ir apenas a um dos domingos)
~entrada livre~

Rota do chá

O Lécio ausentou-se por uma semana, mas por uma boa causa :) aqui está!
(o kimono fica-lhe muito bem :)

03 junho 2007

Yoga com todos

Olá a todos

Espero que se sintam bem, o suficiente...

Escrevo para anunciar que vamos, mais uma vez, realizar o Yoga com
Todos no dia 10 de Junho.

O encontro é no Parque de Avioso, na Maia, às 10h (junto à entrada do Parque).

Pedimos aos interessados que não se atrasem, tanto como, no caso de
ficarem para o pic-nic, levarem uma contribuição alimentar para
partilhar (vegetariana).

Para todos aqueles cujo transporte seja um obstáculo, contactem ou
escrevam por favor para que possamos providenciar boleias.

Todas as sugestões com o intuito de melhorar esta iniciativa são bem vindas.

Contamos com a tua presença mais uma vez neste Domingo.

Vem partilhar este momento, convida também os amigos que possam estar
interessados.

Se concordares, divulga esta mensagem.

Obrigado e até breve

Lécio

(919 454 578) www.yogacomtodos.blogspot.com

Seminário da Boa Nova





Vamos realizar o retiro Visão e Transformação neste lugar, o Seminário da Boa Nova, em Valadares. Até tem autocarro à porta!

As nossas plantas




Com a ajuda dos amigos... sobretudo da Teresa. Aqui estão as nossas plantinhas e ervas aromáticas. Temos salva, tomilho, limonete, hipericão... e o aloe vera que a Manuela nos trouxe, que está a dar muitos filhotes :)