02 janeiro 2008

Não existe encontro sem despedida






Parabéns a quem decidiu fazer a passagem de ano "Descobrindo o Caminho Sereno do Buddha". A Casa da Torre, uma casa de retiros pertencente aos Jesuitas, acolheu-nos (quase luxuosamente) no Norte, perto de Braga. Foi o primeiro retiro de Ricardo Sasaki em Portugal e deixou saudades. Ele próprio disse, ao partir, no aeroporto: "Já vou com saudades".

O seu ensinamento focou a importância da compreensão. Para alguns, que procuravam respostas, provavelmente lançou mais perguntas. Mas sobretudo, acentuou a última mensagem do Buda: a auto-responsabilização. Nós somos responsáveis pelo nosso caminho, pela nossa procura, por nos esclarecermos, por despertar. Ninguém pode fazer isso por nós. Mais tarde, no encontro no centro do Porto, salientou a importância do grupo para quem quer iniciar uma prática. O grupo sustenta-nos. Não precisa de ser uma multidão. Nos lugares onde não há um centro de prática, dois ou três praticantes, é um grupo. Sentar, reflectir, descobrir juntos, sustentar-se (em todos os sentidos). Sabendo que o Dharma é o mestre.

Oh, Monges!
Não se lamentem!
Nosso estar juntos um dia acabaria mesmo que Eu vivesse no mundo tanto quanto um kalpa.
Não existe encontro sem despedida.
O Dharma que beneficia tanto o eu como o outro se completou.
Mesmo que Eu vivesse mais não haveria nada a adicionar ao Dharma. Aqueles que deveriam ser despertos, tanto nos céus como entre seres humanos, todos foram acordados. Todos possuem as condições para obter o despertar, mesmo aqueles que não foram despertos. Se todos os Meus discípulos, de geração em geração, a partir de agora praticarem o Dharma, o Corpo do Dharma do Tathagata existirá para sempre e nunca será destruído. Saibam que tudo no mundo é impermanente; o que se junta inevitavelmente se separa. Não se preocupem, pois esta é a natureza da vida. Pratiquem diligentemente com esforço correto e procurem a libertação imediatamente. Destruam a escuridão da ignorância com a luz da sabedoria. Nada é seguro. Tudo nessa vida é precário.
Agora obtenho Parinirvana. É como se libertar de uma doença maléfica. Esta coisa que descartamos e que chamamos de corpo está afogado no mar do nascimento, velhice, doença e morte. Como poderia haver alguma pessoa sábia que não se alegrasse ao se desfazer dele?

Oh, Monges!
Vocês devem sempre, de todo o coração, procurar o Caminho da libertação.

Todas as coisas no mundo, tanto as que se movem como as que não se movem, são caracterizadas por instabilidade e desaparecimento.
Parem, agora!
Não falem!
O tempo passa.
Atravesso.
Este é o Meu Ensinamento final.

Breve Paranirvana Sutra

(fotos de Ricardo Sasaki)