Parabéns a quem decidiu fazer a passagem de ano "Descobrindo o Caminho Sereno do Buddha". A Casa da Torre, uma casa de retiros pertencente aos Jesuitas, acolheu-nos (quase luxuosamente) no Norte, perto de Braga. Foi o primeiro retiro de Ricardo Sasaki em Portugal e deixou saudades. Ele próprio disse, ao partir, no aeroporto: "Já vou com saudades".
O seu ensinamento focou a importância da compreensão. Para alguns, que procuravam respostas, provavelmente lançou mais perguntas. Mas sobretudo, acentuou a última mensagem do Buda: a auto-responsabilização. Nós somos responsáveis pelo nosso caminho, pela nossa procura, por nos esclarecermos, por despertar. Ninguém pode fazer isso por nós. Mais tarde, no encontro no centro do Porto, salientou a importância do grupo para quem quer iniciar uma prática. O grupo sustenta-nos. Não precisa de ser uma multidão. Nos lugares onde não há um centro de prática, dois ou três praticantes, é um grupo. Sentar, reflectir, descobrir juntos, sustentar-se (em todos os sentidos). Sabendo que o Dharma é o mestre.
Oh, Monges!
Não se lamentem!
Nosso estar juntos um dia acabaria mesmo que Eu vivesse no mundo tanto quanto um kalpa.
Não existe encontro sem despedida.
O Dharma que beneficia tanto o eu como o outro se completou.
Mesmo que Eu vivesse mais não haveria nada a adicionar ao Dharma. Aqueles que deveriam ser despertos, tanto nos céus como entre seres humanos, todos foram acordados. Todos possuem as condições para obter o despertar, mesmo aqueles que não foram despertos. Se todos os Meus discípulos, de geração em geração, a partir de agora praticarem o Dharma, o Corpo do Dharma do Tathagata existirá para sempre e nunca será destruído. Saibam que tudo no mundo é impermanente; o que se junta inevitavelmente se separa. Não se preocupem, pois esta é a natureza da vida. Pratiquem diligentemente com esforço correto e procurem a libertação imediatamente. Destruam a escuridão da ignorância com a luz da sabedoria. Nada é seguro. Tudo nessa vida é precário.
Agora obtenho Parinirvana. É como se libertar de uma doença maléfica. Esta coisa que descartamos e que chamamos de corpo está afogado no mar do nascimento, velhice, doença e morte. Como poderia haver alguma pessoa sábia que não se alegrasse ao se desfazer dele?Oh, Monges!
Todas as coisas no mundo, tanto as que se movem como as que não se movem, são caracterizadas por instabilidade e desaparecimento.
Vocês devem sempre, de todo o coração, procurar o Caminho da libertação.
Parem, agora!
Não falem!
O tempo passa.
Atravesso.
Este é o Meu Ensinamento final.
Breve Paranirvana Sutra
(fotos de Ricardo Sasaki)