«Há muitos tipos de escola, e de ensinamento. Se você estuda esses ensinamentos, você pode descobrir algo excelente que foi transmitido de geração a geração. Por que então [na escola zen] se enfatiza o zazen como algo mais importante? Todos nós, que estamos praticando o ensinamento de Buda no mundo de Buda, em outras palavras, na Verdade ou no universo onde você, as árvores, os pássaros e todos os seres sencientes existem, não precisamos discutir a superioridade ou inferioridade do ensinamento. Esse tipo de discussão é ridículo. Eventualmente, você dirá: "Isto é o melhor, isto é errado". Ao abrigo da bela bandeira da religião, da filosofia, da psicologia ou do quer que seja, nós lutamos. Este é sempre o problema humano. Sabemos que o ensinamento de Buda é profundo. Algumas pessoas acham que o budismo é muito teórico porque a física moderna está, atualmente, fornecendo-nos quase que exatamente o mesmo ensinamento ministrado pelo Buda há dois mil e quinhentos anos. Quando ouvimos isso, dizemos que o budismo é maravilhoso. Mas a questão não é essa. O que importa é ser a prática sincera ou falsa. Isso é algo de que você precisa cuidar, agora mesmo, aqui mesmo. Até onde vai a sua sinceridade? Com que sinceridade você pratica? Até onde vai sua aceitação da prática? Qual o grau da sua determinação? Se você sempre discute essa prática comparando-a com alguma outra coisa, você jamais encontrará a paz e a tranqüilidade espiritual. Na verdade, isso não é ver a vida humana.
A genuinidade é agora mesmo, aqui mesmo. Se você faz algo com sinceridade, isto se chama, temporariamente, "genuinidade". No momento seguinte, se você faz gasshô [ato de juntar as palmas de ambas as mãos] com uma sensação de preguiça, ele é falso. A falsidade e a genuinidade estão bem no centro do processo de sua prática. Lembre-se disso. Não é importante ficar discutindo quanto seu ensinamento é maravilhoso ou quanto é maravilhosa a doutrina do budismo. A doutrina do budismo, a doutrina do cristianismo, a doutrina da física moderna, a doutrina do que quer que seja não é outra coisa senão um dedo que aponta para a lua. Sendo assim, o dedo não é importante? O dedo é secundário, mas ainda é importante; quando você se ocupar do dedo, dê o melhor de si. Sem o dedo, é muito difícil saber onde está a verdade.»
- do livro Retornando ao Silêncio, a prática zen na vida diária, de Dainin Katagiri
tradução encontrada no blog de Emerson Ricardo