08 outubro 2005

fotos de Belgais

memórias de um retiro e de um lugar inspiradores

http://chumani.paginas.sapo.pt/belgais.htm

02 outubro 2005

Um artigo de Pema Chodrön

Signs of Spiritual Progress

Belgais


Um lugar de luz

Karma

People get into a heavy-duty sin and guilt trip, feeling that if things are going wrong, that means that they did something bad and they are being punished. That's not the idea at all. The idea of karma is that you continually get the teachings that you need to open your heart. To the degree that you didn't understand in the past how to stop protecting your soft spot, how to stop armoring your heart, you're given this gift of teachings in the form of your life, to give you everything you need to open further.

Pema Chödron

21 setembro 2005

nem há tempo para respirar

aconteceu tanta coisa que não blog nem internet que aguente e na sexta vou para retiro, portanto a tasca está mesmo fechada
o mais triste de tudo foi ter de cancelar todo o evento relacionado com a vinda dos monges tibetanos para a construção do mandala; depois da embaixada espanhola ter recusado o visto ainda tentamos a embaixada portuguesa, mas já não deu :(

hoje visitei um blog http://blazing-splendor.blogspot.com/

12 setembro 2005

Mandalas



Estive a fazer o press release para Lisboa, aqui vai:

Com o apoio da União Budista Portuguesa e do centro Nangten Menlang de Granada, cinco monges budistas tibetanos virão à Península Ibérica para demonstrar um ritual sagrado na tradição do Budismo tibetano, a construção de mandalas de areia. Os monges pertencem ao Centro Médico Budista de Manali, na Índia, sob a responsabilidade de lama Lobsang Thamcho Nyima (um tulku da tradição Gelugpa que já esteve em Portugal). Esta demonstração pretende dar a conhecer um dos aspectos mais ricos da cultura tibetana e contribuir para o diálogo entre culturas tão diferentes como a oriental e a ocidental. Em Lisboa, o evento decorrerá de 22 de Setembro a 1 de Outubro no Tuatara, Rua do Centro Cultural 27, 3.º andar Alvalade. No Porto, de 3 a 10 de Outubro, no CRAT, centro regional de Artes Tradicionais, na rua Reboleira, 33-7.

Para além de poder assistir à execução do mandala e às várias fases da sua construção, o público poderá dialogar com os monges e participar noutros eventos - exposições fotográficas, palestras, workshops para crianças e venda de artesanato tibetano.

A palavra mandala, em sânscrito, pode ser traduzida por "círculo" embora signifique mais do que uma simples forma geométrica. Um mandala representa uma estrutura organizada à volta de um centro unificado e simboliza a unicidade, a plenitude. Pode ser visto como um modelo do sistema organizado da própria vida - um diagrama cósmico que nos recorda a nossa relação com o infinito. O princípio do mandala pode ser encontrado no infinitamente grande e no infinitamente pequeno, nas formas da natureza e nas formas da arquitectura.

No Budismo Tibetano simboliza o Universo, representando as qualidades de uma mente iluminada, e é utilizado como suporte de meditação. A execução dos mandalas feitos com grãos de areia coloridos requer muitas horas de trabalho paciente. Cada mandala parte de uma estrutura geométrica preestabelecida e contém inúmeros símbolos que devem ser perfeitamente reproduzidos. Os monges crêem que o cuidado que põem na execução do ritual e a pureza da sua motivação traz grandes benefícios às pessoas que contemplem o mandala e à região onde são realizados. No final, e para simbolizar a impermanência da vida, o mandala é destruído e as areias distribuídas pelos presentes e espalhadas na natureza como oferenda de todo o Universo.

Para o mundo ocidental, a perenidade desta forma de arte sagrada pode causar estranheza. Os praticantes budistas, contudo, acreditam que materializar as qualidades luminosas que o mandala simboliza as torna realmente presentes e as potencializam em cada um de nós.

11 setembro 2005

entre mandalas e iluminações

entre mandalas, chis (kung), iluminações e cores, não tenho tempo para pôr a escrita em dia... o que vale é que o dalby manda presentes pra toda a gente.


You bring the sun out

You bring the sun out
To warm my life up
To make my love grow everyday

You bring the stars out
To light the night up
To make the darkness go away

You bring the sun out
To warm my life up
To make my love grow everyday

You bring the stars out
To light the night up
To make the darkness go away

I reach to you
You reach to me
Not matter where I go I know you'll always be
Never to far
Far from my heart
I'll always have you here
I always know you're near

You bring the sun out
To warm my life up
To make my love grow everyday

You bring the stars out
To light the night up
To make the darkness go away

To make the darkness go away

04 setembro 2005

O viajante e o estalajadeiro

In the Surangama Sutra, Arya Ajnatakaundinya asks, "What is the difference between settled and transient?" He answers by giving the example of a traveler who stops at an inn. The traveler dines and sleeps and then continues on his way. He doesn't stop and settle there at the inn, he just pays his bill and departs, resuming his journey. But what about the innkeeper? He doesn't go anywhere. He continues to reside at the inn because that is where he lives.

"I say, therefore, that the transient is the guest and the innkeeper is the host," says Arya Ajnatakaundinya.

And so we identify the ego's myriad thoughts which rise and fall in the stream of consciousness as transients, travelers who come and go and who should not be detained with discursive examinations. Our Buddha Self is the host who lets the travelers pass without hindrance. A good host does not detain his guests with idle chatter when they are ready to depart.

Therefore, just as the host does not pack up and leave with his guests, we should not follow our transient thoughts. We should simply let them pass, unobstructed.

De Empty Cloud

Empty Cloud

Dear Friends, according to ancient wisdom: If a man wishes to be happy for an hour, he eats a good meal; If he wishes to be happy for a year, he marries; If he wishes to be happy for a lifetime, he grows a garden; If he wishes to be happy for eternity, he examines a Hua Tou.

So, what is a Hua Tou? It is a statement designed to concentrate our thoughts upon a single point, a point that exists in the Original Mind's "head", a point immediately before the thought enters our ego consciousness. It is a "source" thought.

Let us examine the Hua Tou, "Who is it who now repeats the Buddha's name?" Of all the Hua Tou questions, this is the most powerful. Now, this Hua Tou may be stated in many different ways, but all the ways indicate one basic question, "Who am I?" Regardless of how the question is stated, the answer must be found in the same place that it originated: in the source, the Buddha Self. The ego cannot answer it.
Obviously, quick and facile answers are worthless. When asked, "Who is it who now repeats the Buddha's name?" we may not retort, "It is I, the Buddha Self!" and let it go at that. For we must then ask, "Who is this I?" We continue our interrogations and our confrontations. A civil war goes on inside our mind. The ego fights the ego. Sometimes the ego wins and sometimes the ego loses. On and on we battle. What is it that makes my mind conscious of being me? What is my mind, anyway? What is consciousness?

Our questions become more and more subtle and soon begin to obsess us. Who am I? How do I know who I am? These questions go round and round in our minds like tired and angry boxers. Sometimes, we may want to quit thinking about the Hua Tou, but we find we can't get it out of our mind. The bell won't ring and let us rest. If you don't like pugilistic metaphors you could say that the Hua Tou begins to haunt us like a melody that we just can't stop humming.

So there we are - always challenged, always sparring. Needless to say, a Hua Tou should never degenerate into an empty expression. Many people think they can shadowbox with their Hua Tou and just go through the motions of engagement. While their minds are elsewhere, their lips say, "Who is repeating the Buddha's name? Who is repeating the Buddha's name? Who is repeating the Buddha's name?" This is the way of feisty parrots, not of Chan practitioners.

The Hua Tou has meaning. It is a question that has an answer and we must be determined to find that answer.

I know that "Who am I?" sounds like a simple question, one we ought to be able to answer without difficulty. But it is not an easy question to answer. Often it is extremely puzzling.

Ver em Empty Cloud, The Teachings of Xu Yun

02 setembro 2005

24 agosto 2005

Claude AnShin Thomas

Já está confirmado, Claude AnShin Thomas virá a Portugal a "nosso" convite em Maio de 2006. Depois de ler At Hell's Gate não poderia estar mais interessada em conhecê-lo!

The Ten Oxherding Pictures

The Ten Oxherding Pictures do Buddhanet

22 agosto 2005

E eu deixei esse sonho para trás

E eu deixei esse sonho para trás, fechei a porta e vi-me a fechá-la vezes sem conta, o mesmo olhar para trás, repetido. Poderia ter escolhido outra porta, poderia ter entrado de outra forma, poderia ser outra. Não quis olhar, nunca queria olhar novamente, apenas tinha de abrir outra porta. E depois, disseram, poderia ter sido de outra forma, pode ser sempre de outra forma, poderias ter parado, hesitado, poderias ter tentado escapar. Não sei onde encontrar as palavras, um dia não as encontrei, foi só isso, tinha uma bola de fogo a arder nos pulmões e não conseguia cuspi-la e não consegui engoli-la. E há os muros, em bloco, densos, sabes o que é? Possivelmente sempre estiveram lá, como sei, se pensar nisso sempre estiveram lá, e por isso não tenho espaço, há muito tempo que estou aqui sem me mexer. Talvez se me mexer o dia dói. Devagar. Muito devagar. Será que se te olhar nos olhos te vou reconhecer? Ouvia vozes de há muito tempo. Alguém deve ter dito alguma coisa, há muito tempo. Pensei se o tempo parasse, entrava noutra estrada, noutra transversal, não tinha a chaves a pesar na mão. Ao respirar, um instante de liberdade, um suspiro, depois posso continuar. Mas agora parei. No corredor há várias portas. Pus a mão no bolso e segurei a chaves. Tinha de abrir uma das portas. Talvez só tivesse esta vez.

passing by

tenho estado sem internet...
entretanto leio o Buddhism without Beliefs do Bachelor e acabei o Ensinamento do Buda, de Rahula, um clássico numa excelente e recente tradução de Nuno Aragão.

06 agosto 2005

fim-de-semana


Um fim-de-semana de pintura e arrumações (nem mais nem menos)... enquanto ouço os ensinamentos de Adyashanti! :)

04 agosto 2005

Livros

Livros! O caso estava tão grave que acabei por adoptar um truque sempre que ia à amazon.co.uk. Quando tinha uma necessidade urgente de comprar aquele livro indispensável, que tinha absolutamente de ler, fazia a minha pesquisa, adicionava o(s) livro(s) ao carrinho das compras... e depois escolhia a opção "guardar para mais tarde". A ideia é que se daí a algum tempo ainda sentisse aquela necessidade premente de ter/ler aquele(s) livro(s), então talvez valesse a pena comprá-lo(s). Assim fui guardando virtualmente títulos que seguiam o ciclo dos meus entusiasmos, que iam dos poetas místicos às reproduções da Dover, dos diários culinários de Monet às visões de Hildegard e aos mandalas japoneses. Parece-me que a estratégia está a resultar. Da última vez que vi, tinha mais de 30 páginas de livros armazenados.

É mais difícil talvez quando eles, os diabinhos, nos passam nas mãos e os olhamos e tocamos e cheiramos. Foi assim que não resisti ao The Zen of Creativity que desfolhava na American Bookstore de Amesterdão. Era lindo. E que aroma! Comprei dois.

O Budismo Tibetano no Ocidente

A resposta de Dzongsar Khyentse Rinpoche ao artigo de Tara Carreon "Is Tibetan Buddhism Working in the West?"

Um novo grupo

Um novo grupo Zen online: ZhongDao - Budismo e Zen Budismo
E já agora o site do Tam Hao Van (Claudio Miklos) The Rain Is Everywhere

01 agosto 2005

fim-de-semana


fim-de-semana em Cernache

28 julho 2005

Apontamentos

Conferência de Tulku Pema Wangyal Rinpoché na UBP
Segunda 25/07/2005

De acordo com os seus mestres, Rinpoché diz que para ser mestre é preciso ser um ser totalmente desperto. Mas para repetir não é necessário, e é isso que vai fazer, repetir aquilo que ouviu dos seus mestres.

Se a atitude ou estado mental, é positiva, ou pura, a nossa via e os níveis atingidos, serão também positivos ou puros. Mas se a nossa atitude, ou o nosso coração ou estado mental for negativo, o resultado será também negativo.

Então, como tudo depende tanto do estado da mente, o treino da mente é um ponto essencial. Como tudo é interdependente, se plantamos a semente da planta medicinal, o resultado será um fruto medicinal. Se plantamos a semente dos venenos, o resultado será de acordo, será também, negativo ou impuro.

Mais do que aquilo que fazemos, é importante examinar o estado da nossa mente antes de fazer o que quer que seja.

Por vezes podemos pensar que as coisas dependem das aparências ou acções externas. Mas é mais de acordo com as nossas intenções, com o nosso objectivo, porque por vezes as acções são semelhantes mas os resultados são diferentes. Por exemplo, quando alguém convida outra pessoa para uma refeição, pode oferecer boa comida ou comida envenenada e o resultado será completamente diferente.

Devemos examinar a nossa atitude antes de tudo, verificar o nosso estado mental, de modo a cultivar a intenção de ajudar os outros, começando pelos amigos, pela família, e alargando essa intenção a todos os outros. É o meio de obtermos um resultado positivo de tudo o que fazemos.

De modo a cultivar este estado positivo da nossa mente, nos ensinamentos de Buda, é frequente dizer-se que para cultivar o bom coração é preciso treinar a mente. Começando com amor, compaixão, alegria e equanimidade ou imparcialidade.

Quando falamos deste amor (loving kindness) é o desejo ou pensamento de levar a felicidade e causas da felicidade a todos os seres. E quando falamos de compaixão é o desejo ou pensamento de reduzir, ou mesmo eliminar, o sofrimento e causas do sofrimento de todos os seres.

Por vezes na nossa vida temos estados mentais, ou uma situação que é difícil sermos capazes de apreciar. Por exemplo uma situação em que aquilo que queremos obter é alcançado por outros.

Por vezes sentimos isto como algo insuportável. Mas com um sentimento assim, insuportável, quando essa forma de pensar atravessa a nossa mente, isso não nos ajuda a obter o que procuramos, a obter o que aspiramos. Podemos sentir-nos invejosos e desconfortáveis, mas isso não nos ajuda a obter aquilo que queremos.

Mas se pelo contrário nos regozijarmos com isso, com a felicidade que os outros têm, isso ajuda-nos a obter o que desejamos. Regozijarmo-nos pela felicidade dos outros é um pensamento muito positivo.

É muito fácil gerar amor por alguém que nos é próximo e também a compaixão em relação ao desejo de libertar os outros dos seus problemas, é mais fácil no início para os que nos são próximos. É mais difícil para os que nos parecem mais distantes, e mais ainda em relação às pessoas de quem nós não gostamos.

Se, para começar, temos algum tipo de compreensão, algum tipo de realização de que não há um único ser que não tenha sido importante para nós, se tivermos algum tipo de compreensão, gradualmente, com o tempo, acabaremos por gerar amor compaixão e alegria para com todos os outros seres e mesmo para as pessoas que sintamos mais difíceis.

Segundo os ensinamentos de Buda, esta vida que temos não é a primeira, tivemos vidas incontáveis no passado. Mas podemos perguntar como é que um ser iluminado pode afirmar isso.

De acordo com os ensinamentos de Buda é dito que todos nós, os seres sensíveis, temos a natureza ou potencial de Buda, ou do estado desperto, mas estamos temporariamente obscurecidos. No momento em que removamos os obscurecimentos, seremos capazes de descobrir, a partir de dentro, os nossos próprios potenciais e as nossas preciosas qualidades.

No potencial não há qualquer diferença entre os seres despertos e os seres obscurecidos. Uma vez despertos, uma vez livres dos nossos obscurecimentos e dos nossos defeitos, não haverá qualquer diferença. As diferenças só existem
na via, até estarmos totalmente despertos.

De acordo com os ensinamentos há 5 vias e 10 níveis.
- via da acumulação
- via da junção
- via da visão
- via do treino
- via para além do treino

Na via da acumulação trata-se da acumulação de virtude através da prática das acções positivas.

Quando actualizamos plenamente a via da visão, atingimos o primeiro nível. E desde o primeiro até ao sétimo nível seguimos a via do treino. Finalmente o último nível está para além do treino.

Se treinarmos a nossa mente, quando atingimos o primeiro nível, a via da visão, seremos capazes de ver quem fomos nas nossas cem vidas passadas e quem seremos nas nossas cem vidas futuras. E quando atingimos o segundo nível poderemos ver até mil vidas no passado e mil vidas no futuro.

É certo que teremos acesso, ao longo deste caminho, a centenas de diferentes dimensões, e não é algo que uns possam e outros não. Se pudermos treinar, se pudermos remover os nossos véus, revelar o nosso potencial, todos nós teremos acesso a esta realização, não é algo só atingível pelo Buda. Se pudermos desenvolver este treino, saberemos as vidas do passado e do futuro.

Sangyé (Buda) é um termo que designa desperto. Desperto das nossas ilusões, dos nossos obscurecimentos.

Quando dizemos Buda podemos pensar que é apenas alguém que veio do oriente, da Índia. Mas se assim fosse, a natureza de Buda seria algo muito limitado. Mas não é, e todos temos esse potencial de nos libertarmos das nossas ilusões, dos nossos obscurecimentos.

Para ultrapassar as ilusões, o treino da mente é algo muito importante. Começamos pelo treino a gerar amor compaixão e alegria e depois tornamos estes sentimentos absolutamente imparciais em relação a todos os seres.

Quando geramos amor por alguém, isso tem o poder de eliminar a nossa atitude egoísta, porque estamos a amar outra pessoa. Amar alguém é realmente amar-nos a nós próprios. É para nosso próprio benefício.

Do mesmo modo, quando pensamos em beneficiar os outros no sentido de reduzir o sofrimento e causas do sofrimento, isso é compaixão. Quando esse pensamento atravessa a nossa corrente mental, isso reduz a nossa cólera.

Do mesmo modo, gerando alegria pela felicidade de alguém, esse pensamento tem o poder de reduzir a nossa inveja.

E também assim, quando geramos imparcialidade, ou equanimidade, esse pensamento tem o poder de reduzir a nossa arrogância. E do mesmo modo a nossa estupidez e ignorância.

Gerando amor, compaixão e alegria com imparcialidade, gradualmente seremos capazes de desenvolver um estado de sabedoria no íntimo da nossa corrente mental.

Os outros pensamentos, de ódio, apego, egoísmo, ciúme, estupidez, tudo isto produz um resultado que não é positivo para nós próprios.

Mas se nos permitirmos desenvolver e deixar que impregnem a nossa corrente mental os pensamentos positivos, de amor, compaixão e alegria, isso vai fazer com que as cinco emoções negativas sejam transmutadas em cinco estados de sabedoria.

- sabedoria discriminante
- sabedoria semelhante ao espelho (que tudo contempla e nada acrescenta)
- sabedoria que tudo realiza
- sabedoria que tudo acumula
- sabedoria absoluta ou do Dharmadhatu.

Permitindo a nós próprios que estes estados se tornem ilimitados, seremos capazes de dissipar os nossos obscurecimentos, os nossos conflitos interiores e assim beneficiaremos a nós próprios e aos outros.

Dependendo de cada indivíduo, de acordo com as diferentes capacidades, poderemos ter que começar por nós próprios ou pelos outros. Certos seres podem ser capazes de gerar estes bons pensamentos logo de início pelos outros seres, enquanto que outros podem não conseguir isso. Temos de começar de acordo com a nossa própria capacidade.

Para sermos capazes de amar os outros temos que nos amar a nós mesmos. Não quer dizer que ao amarmo-nos a nós próprios devamos desenvolver arrogância no sentido de nos acharmos melhores que os outros, mas sim apreciar as nossas qualidades positivas.

Sendo capazes de gerar a confiança de que poderemos progredir e ser como os outros. Outros que podemos usar como referência. A confiança é muito importante, sem ela nada fazemos.

Muitas vezes os praticantes caem em incompreensão, compreendem mal, pensando que devendo ser generosos e praticar que devemos desistir de nós próprios, mas pelo contrário, devemos desenvolver a confiança em nós próprios, e na capacidade de desenvolver as boas qualidades em nós.

Juntamente com a confiança, temos que desenvolver a coragem que vamos conseguir o que pretendemos, em vez de pensar que vamos falhar. Falhar não é sinal de fraqueza. Pelo contrário, é sinal de que tentámos. Temos que ter a coragem para pensar que, se falhei, tentarei de novo até conseguir. Por vezes quando subimos uma montanha podemos dar algumas quedas, mas isso só significa que estamos a tentar, e que o nosso objectivo é chegar ao destino.

Por vezes sentimo-nos inseguros e pensamos que não somos suficientemente bons. Temos que abandonar esta atitude e desenvolver a confiança de que podemos conseguir, tal como os outros. Isto juntamente com a coragem e confiança em nós próprios e nos outros.

Quando não confiamos em nós, não conseguimos confiar nos outros, e quando não confiamos nos outros também não conseguimos confiar em nós. Isto leva-nos a uma vida de medos e incertezas constantes.

E juntamente com esta confiança, esta capacidade de querer, é importante desenvolver a tolerância e a paciência. E junto com a tolerância é muito útil ter também a diligência, que significa tentar desenvolver alegria no que fazemos. Na base de tudo está esta tolerância e diligência.

Precisamos também de contemplar o nosso estado mental. É preciso verificar qual o tipo de pensamento que atravessa a nossa corrente mental. Usualmente estamos demasiado ocupados a tentar descobrir o que se passa na mente dos outros, mas se pudermos ver o que se passa na nossa própria mente, será muito útil para o nosso treino mental.

Quando primeiro examinamos o nosso estado mental, verificamos que no início há muita negatividade, mas isso é normal, significa que estamos a olhar, a verificar, a observar. Quando começamos a ter consciência da nossa negatividade, é sinal de progresso, é sinal de que começamos a olhar para o estado da nossa mente.

E quando verificamos que há muita negatividade, na nossa mente, temos que gerar a determinação de que devemos cultivar estados mentais positivos na nossa mente. Isto será difícil de fazer constantemente porque não estamos habituados a isso.

É como o dia em que começamos a conduzir e a forma como conduzimos hoje, em que praticamente nem precisamos de pensar no que estamos a fazer. Se treinarmos a olhar para o estado da nossa mente, com o tempo será um estado mental perfeito.

Com o tempo é certo que seremos capazes de desenvolver esta aspiração, das nossas qualidades positivas, gradualmente chegaremos à perfeição. E isso influenciará as nossas acções e o meio ambiente.

Quando treinamos a mente é importante que o façamos com a determinação de nos tornarmos perfeitos. Não estamos a treinar apenas por um determinado período de tempo, mas sim até atingir o objectivo.

É certo que quando não suportamos alguém, é porque estamos a olhar para o seu lado negativo e não para o lado positivo. Se olharmos para o lado negativo dos outros, podemos transformar o nosso mundo em algo de miserável e terrível.

Se procurarmos as boas qualidades dos outros, podemos reconhecer as coisas boas que eles têm. Se procuraremos defeitos vamos encontrar muitos, em especial se formos arrogantes.

O pai do Rinpoché, Kangyur Rinpoché, e os seus mestres perguntavam: será que viste o yaque no teu nariz? Há um provérbio tibetano que diz que se olharmos para os defeitos dos outros, a mais pequena falta é logo notada, mas não as nossas. Podemos ver um pequeno insecto no nariz dos outros mas não vemos um yaque no nosso nariz.
Significa que consideramos os nossos defeitos como qualidades e as qualidades dos outros como defeitos.

Para sermos capazes de viver bem com os outros temos que ser capazes de ver as suas boas qualidades e não os seus defeitos. Nós como seres humanos somos muito diferentes uns dos outros. Em especial pelos tantos hábitos que temos. É importante tentar ver as qualidades dos outros e através disso podemos relacionar-nos com eles.
Se verificarmos cuidadosamente, será que podemos viver isoladamente, sem os outros? Será muito difícil.

É importante ter a confiança que podemos progredir mas ao mesmo tempo que, tal como nós somos importantes, também os outros são. Como nós queremos a felicidade, também os outros a querem, e do mesmo modo que queremos evitar o sofrimento, também os outros o querem.

Os seus mestres diziam, a treinar a mente há que tentar oferecer aos outros aquilo que nós queremos, e tentar não fazer aos outros aquilo que não desejamos para nós mesmos.

Quando tentamos treinar a mente, começamos pela nossa família pensando o que posso fazer para fazer a minha mulher feliz, o meu filho etc.., como ajudá-los, como faze-los felizes. Como remover o seu sofrimento, e assim poderemos desenvolver mais harmonia. Gradualmente poderemos também pensar nos nossos vizinhos e assim vamos alargando.

E se nós sentimos os outros como insuportáveis, temos que pensar que isso é devido aos seus problemas, que os impedem de manifestar o seu amor e alegria. Temos que pensar que não somos todos perfeitos.

Os mestres do Rinpoché diziam que com a tolerância, o maior dom que podemos oferecer na vida é o do perdão. E se nós com o tempo podemos treinar a mente de forma positiva, gradualmente o lado negativo vai diminuindo.

No dia em que formos capazes de eliminar os obscurecimentos e as tendências habituais, estaremos despertos dos nossos sonhos e ilusões. Quando alguém está iluminado, é capaz de descobrir incríveis qualidades e sabedoria.

No que respeita à sabedoria, trata-se de uma sabedoria que sabe as coisas como elas realmente são, que sabe o que é necessário saber, não é uma sabedoria limitada. Quando formos capazes de desenvolver este estado de sabedoria, seremos capazes de beneficiar a nós mesmos e aos outros.

Realização da sabedoria livre de toda a ilusão, essa realização desenvolve uma compaixão infinita. Compaixão infinita é o que podemos sentir, tal como um amor semelhante ao que uma mãe tem por um filho único, em que o pensamento, amor e compaixão, está sempre ocupado pelo filho, e surgirá em nós, do mesmo modo que com o sol vem o seu calor.

A sabedoria da liberdade resulta do desenvolvimento da compaixão infinita. Assim, se existe esta sabedoria e compaixão, o pensamento egoísta não terá espaço para surgir.

Quando formos iluminados teremos estas qualidades, uma sabedoria, compaixão e ausência de egoísmo que manifestaremos a partir do mais íntimo de nós. Com a realização da verdadeira sabedoria impregnada de amor e compaixão, seremos capazes de ver as coisas de forma diferente.

Tal como Jigmé Khyentse Rinpoché esteve a ensinar sobre os quatro selos na perspectiva do ensinamento do Buda:

i) Que todas as coisas compostas são impermanentes, porque têm uma natureza
destinada ao declínio;
ii) Que as emoções negativas, ou obscurecimentos, são uma causa de queda, de
tormentos, são fonte de sofrimento (todos os fenómenos contaminados são insatisfatórios);
iii) Que os fenómenos são desprovidos de existência intrínseca. Todos os fenómenos são vacuidade, desprovidos de realidade intrínseca;
iv) Paz é quando estamos livres do sofrimento (o nirvana é a verdadeira paz). Quando reconhecemos que a vacuidade é um estado livre de apego ao self e aos fenómenos, então conseguimos atingir o nível para além dos conceitos e para além do sofrimento.

Ao nível da visão é importante reconhecer que tudo é interdependente. A nossa felicidade depende do nosso estado da mente. Tudo o que acontece depende do nosso estado mental e das nossas acções.

Tudo o que fazemos, tudo o que pensamos produz uma reacção. Se queremos ser livres é necessário seguir a via da não violência, baseada no amor, compaixão e tolerância.

A violência não se limita às acções corporais. A violência pode ser em muitos diferentes níveis, pode existir no estado mental, no modo de falar, tem muitas formas de se manifestar.

Em essência, há que cultivar o bom coração. O bom coração inclui tudo. Como diz Sua Santidade o Dalai Lama, “adoptem um bom coração”.

Frequentemente os nossos mestres em vez de cumprimentarem dizendo bom dia, perguntam se tiveste um bom coração, e em vez de dizerem adeus dizem, tem um bom coração. O bom coração é o melhor investimento que podemos fazer no que respeita à felicidade para as vidas futuras.

Precisamos limpar o obscurecimento do nosso estado mental para que ele se torne livre da ilusão. Ver os aspectos positivos dos outros em vez dos negativos, é o que nos traz paz.

Podemos sentir ira ou cólera, mesmo na nossa família, e manifestar isso pode ser útil, porque recalcar isso pode trazer enormes problemas. O resultado são os cinco venenos, as cinco emoções conflituosas que produzem toda a espécie de doenças.

Se quisermos reduzir as doenças físicas é necessário reduzir as emoções conflituosas, desenvolvendo os quatro pensamentos, amor compaixão, alegria e equanimidade. Ter os efeitos positivos destes quatro pensamentos e daí podemos extrair um benefício real para nós e para os outros.

(o trabalho de um irmão, o Jorge... um abraço)

25 julho 2005

Calendário Tibetano

isto é uma coisa que me pedem frequentemente, um Calendário Tibetano

uma citação

"Your vision will become clear only when you look into your heart. Who looks outside, dreams. Who looks inside, awakens."

– Carl Jung

23 julho 2005

A vida de todos os dias é o Caminho

Joshu perguntou a Nansen: "O que é o Caminho?"
Nansen disse: "A vida de todos os dias é o Caminho."
Joshu perguntou: "Pode ser estudado?"
Nansen respondeu: "Se tentares estudar, estarás longe dele."
Joshu perguntou: "Se não estudar, como posso saber que é o Caminho?"
Nansen disse: "O Caminho não pertence ao mundo da percepção, nem pertence ao mundo da não-percepção. A cognição é uma ilusão e a não-cognição não tem sentido. Se queres encontrar o verdadeiro caminho para além da dúvida, coloca-te na mesma liberdade que o céu. Não chamas bom nem não-bom."

Com estar palavras Joshu despertou.

A Face Original

Este é um dos koans mais bonitos e interessantes: "Qual a tua face original, aquela antes dos teus pais nascerem?" Abre as portas de todo o universo, e durante um sesshin, tive uma imagem relacionada com este koan. No blog de Chung Tao, ele escreveu ultimamente sobre isso. Vale a pena ler todo o artigo: A Face Original, mas gosto sempre de voltar à questão do agora, pois para mim a primeira vez em que fez clic foi uma revelação:

"O que mais impressiona na sabedoria zen é seu valor implícito. O Dharma, como afirma o Buddha, habita o agora (Drshta Dharma Sukha Vihari, sansc. orig.). Não há um tempo futuro onde alguma verdade sobre nós mesmos será revelada. A questão fundamental é respondida todo o tempo, ela é revelada constantemente. Nossa verdadeira face nos encara neste momento, sobre esta folha de papel ou através da janela de nosso quarto. O Homem não vê que sua identidade se manifesta nas existências à sua volta de uma forma dinâmica e direta. Isso precisa ser praticado, e não apenas dito. Toda a base do reconhecimento interior humano depende do esforço de prática, do exercício contemplativo constante."

22 julho 2005

Recomeços

é sempre bom parar e recomeçar... :)
dá-nos a oportunidade de refrescar, de voltar à "mente de principiante" de que falava Suzuki
pensava recomeçar o blog só para Setembro, mas afinal aqui estou
e como ando a "refrescar-me" no blog de Chung Tao, retiro de lá uma das frases dele que também fala de gotas:
"ao caminhar na chuva, não tem sentido correr; as gotas permeiam o universo, caem em todo lugar. A busca de abrigo é compreensível, mas até chegar a ele não podemos evitar encontrar as gotas no caminho. Então, por quê correr? A vida está em toda parte..."